AO ENTARDECER

Mais tarde, servo que descansas,
Quando a sombra, envolver-te os olhos fatigados.

A noção do tempo crescerá em tua alma
E o senhor da vinha
Dir-te-á do monte da consciência:

  Que fizeste da tua luz?
  Onde guardaste os raios do Sol,
  As gotas do orvalho,
  As sementes divinas,
  O arado amigo e realizador?
  Que fizeste do meio-dia rutilante
  Onde deixaste
  Os rebentos novos,
  As febres opulentas,
  Os frutos generosos
  A dádiva do suor?

Contemplarás as mãos vazias,
Suportarás o coração tocado de remorso
E dirás, em obediência
Ao antigo hábito de enganar a ti mesmo:

- O Sol causticante crestou a terra do meu campo,
Chuvas copiosas trouxeram imensas inundações...
Vermes invasores destruíram a erva tenra,
Serpentes venenosas atacavam-me os pés.
Aos espinheiros que se erguiam acima do solo
Respondiam pedras em baixo,
Anulando-me a tarefa...
Se surgiam alguns brotos na encosta,
A Lama descia célere...
Se rebentos humildes vinham à planície,
Os detritos da serra
Formavam pântanos implacáveis
Aniquilando-me a sementeira.

Que poderia fazer, então,
Se todos os perigos da Natureza congregavam-se contra mim?

O Senhor da Vinha, porém,
Ouvirá complacente
E, antes de tornar
Ao seu próprio trabalho,
No campo universal e infinito dos séculos,
Responderá:

- Não te queixes.
O Sol causticante,
A chuva torrencial
os vermes e as serpentes,
Os espinhos e as pedras,
A Lama e o pântano,
Eram as ferramentas que te dei...

Mas... espera! Outro dia virá!...
Tentarás justificar-te, inda uma vez;
Todavia,
O último raio de Sol desperdir-se-á do céu
E o rosto do Senhor
Desaparecerá no grande silêncio.
E então errarás de vale em vale, de montanha em montanha,
Sangrando o coração sob ríspido açoite,
Angustiado e sozinho,
Porque no teu caminho
Reinará, longo tempo, enorme e espessa noite!...
 
pelo Espírito Alma Eros - Do livro: Correio Fraterno, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos - http://www.caminhosluz.com.br/

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